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quarta-feira, 26 de novembro de 2014

Especialização em Educação Inclusiva - UNISINOS

O processo de inclusão não é algo que tenha um início e um fim determinados. É um processo permanente que envolve revisão e preparação dos professores e de outros profissionais para atuar no ensino e noutros diferentes espaços sociais. É imprescindível que as instituições possuam profissionais capazes de desencadear projetos de inclusão visando a busca de possibilidades de desenvolvimento de um trabalho com as diferenças.

Nesse contexto, o Curso de Especialização em Educação Inclusiva da UNISINOS tem como objetivo qualificar profissionais para atuarem nas instituições de ensino e trabalho de forma continuada e comprometida com as diferenças sociais e culturais das pessoas com deficiência. Para tanto, o currículo deste curso organiza-se em módulos que possuem funções e competências distintas. Alguns módulos possuem o objetivo de construir a identidade do profissional especialista que queremos formar, capaz de atuar nas escolas, em outros espaços de trabalho e nas diversas esferas sociais, promovendo a inclusão das pessoas com deficiência e a formação dos profissionais que atuam com esses sujeitos. Outros, possuem o objetivo de fazer a discussão de especificidades do campo de atuação da Educação Especial, ou seja, o trabalho com pessoas surdas, com Síndrome do Autismo e com condutas típicas, com cegueira e visão sub-normal e deficiência mental.

Além disso, o curso contempla: o ensino de Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS); um módulo de introdução ao Sistema Braile; mesas-redondas e palestras, que abordam temáticas importantes para examinar os processos de in/exclusão na contemporaneidade: gênero, sexualidade, relações étnico-raciais, dificuldades de aprendizagem e políticas de inclusão. O curso será presencial e fará uso, também, de tecnologias digitais-virtuais de interação.

domingo, 27 de julho de 2014

A Herança do Abade de L'Épée na Viragem do século XVIII para o século XIX

O livro A Herança do Abade de L’Épée na Viragem do século XVIII para o século XIX tem como grande objetivo trazer para o presente documentos originais do século XVIII e XIX escritos por educadores surdos e ouvintes. Os documentos surgem em versão original adaptados para língua portuguesa e sobre os quais o autor elabora diversas reflexões interligando o passado com o presente perspetivando o futuro da educação de surdos.

A parte I desta obra proporciona uma viagem à França do final do século XVIII e início do século XIX, através da obra de Ferdinand Berthier O Abade Sicard: Célebre Professor de Surdos Mudos Sucessor Imediato do Abade de L’Épée (1873), quando da fundação do primeiro instituto de surdos mundial , O Instituto Nacional de Surdos Mudos de Paris, fundado por Charles-Michel de L’Épée, mais conhecido como o Abade de L’Épée em 1771, emergindo depois no conturbado período da revolução francesa e nas aventuras e peripécias do Abade Sicard sucessor de L’Épée. Foi o método criado por L’Épée, Os Gestos Metódicos, depois aperfeiçoado pelo Abade Sicard que se expandiu por toda a Europa e pelo mundo através das sessões públicas levadas a cabo por Sicard e pelos seus extraordinários alunos surdos Jean Massieu e Laurent Clerc que se tornariam nos primeiros professores surdos da História. No tempo de Sicard enquanto diretor, o instituto francês foi visitado por várias personalidades francesas e estrangeiras entre elas o Papa Pio VII, Francisco II, Imperador da Áustria e Alexandre I, Imperador da Rússia que impressionados com o que viram levaram este método de ensino de surdos para os seus países fundando aí escolas dedicadas a este tipo de ensino.

O método fundado pelo Abade de L’Épée não poderia ter melhores defensores que os exercícios públicos executados por Massieu e Clerc e que ficam registados nesta obra na sua Parte II através do documento original datado de 1815 Coleção das mais notáveis definições e respostas de Massieu e Clerc, Surdos e Mudos, a várias questões que lhes foram colocadas nas palestras públicas do Abade Sicard, em Londres. Este documento abre a porta para a Parte III deste livro já que foi nesta sessão pública efetuada em Londres que Thomas Gallaudet contacta pela primeira vez com o método gestual e com Clerc com quem irá viajar para a América em 1816 e fundar a primeira escola de surdos neste país, na cidade de Hartford. A parte III desta obra conta-nos precisamente a viagem efetuada de barco por estas duas personalidades entre França e os EUA relatando-nos a partilha de saberes entre Clerc e Gallaudet e que seria a base do método implementado na escola de surdos de Hartford.

Estes preciosos documentos, por serem fontes primárias, ajudarão decerto a construir uma história da educação de surdos menos ideológica e mais isenta e por isso mais útil, esbatendo ódios e incompreensões que em nada têm contribuído para a educação de surdos.

Texto publicado originalmente em: PorSinal